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Porto Seguro Bahia
Berço da história do Brasil, Porto Seguro é um dos
destinos turísticos mais famosos do País. Não é para menos. Igrejas
antigas, vilas históricas e prédios coloniais remontam o cenário da
ocupação portuguesa em 1500. Não bastasse toda a beleza arquitetônica,
a região da Costa do Descobrimento possui 90 quilômetros de praias
protegidas por recifes de corais, das desertas às mais agitadas. De Ponta
Grande a Caraíva, passando pelos distritos de Trancoso e Arraial D'Ajuda,
de águas transparentes, mornas, limpas e de areias monazíticas (ideais
para os tratamentos de pele), além de falésias, manguezais, rios e mata
atlântica quase inalterada.
Com tantos atrativos, porém, o turismo cultural e
ecológico foi abandonado nos últimos anos e substituído pela intensa
vida noturna. Porto Seguro, assim como Arraial, tornou-se destino
preferido da moçada. A Passarela do Álcool, onde se concentram dezenas
de barracas que vendem os mais variados coquetéis de frutas, dentre eles
o tradicional capeta - com suco de frutas, pó de guaraná, leite
condensado e vodca -, as tendas de praia, embaladas pelo axé o dia todo,
as aulas de lambaeróbica e os luaus excluíram os visitantes ávidos por
sossego, história e natureza.
Os resorts estão mudando o curso dessas bandas.
Preocupados em atrair um público mais familiar, o grupo Tropical Hotels
Brasil e a rede mundial espanhola Barceló apostam em conforto e lazer a
preços acessíveis. Isso porque Porto Seguro é considerado o maior
parque hoteleiro da Bahia. São cerca de 35 mil leitos - maioria de
pousadas - e a oferta do setor cresce sem parar, barateando os pacotes,
mas ocasionando a queda na qualidade dos serviços.
Em março deste ano, a Tropical passou a administrar
dois empreendimentos na região: o Costa Esmeralda Beach Resort e o Oceano
Praia Beach Resort. O primeiro fica a 18 quilômetros do centro de Porto
Seguro, na Praia do Mutá (divisa com o município de Santa Cruz Cabrália),
a mais ecológica e tranqüila da cidade.
São 168 apartamentos amplos, todos com varanda. No
hotel há uma boa área de lazer, com quadras esportivas, piscina,
playground, sauna, salão de jogos e academia de ginástica. Outro
diferencial é o serviço de baby-sitter.
Já o Tropical Oceano Praia Beach Resort, localizado na
Praia de Taperapuã, a apenas seis quilômetros do centro, tem 82
apartamentos e oferece os mesmos serviços da outra unidade, porém está
situado na parte mais badalada da cidade. Ambos oferecem meia pensão, ou
seja, café da manhã e jantar.
Na cidade histórica, ou cidade alta, com vista
panorâmica, o Barceló Porto Seguro Convention & Spa oferece 125
apartamentos, sala de ginástica, equipe de recreação, quadras de
tênis, três piscinas, toboáguas, cascata, bar aquático e playground e
salão de convenções, com capacidade para 400 pessoas em auditório. A
partir de setembro, o resort começa a operar com o sistema all-inclusive,
tão popular no Caribe. Ou seja, incluídos no valor da diária
refeições, bebidas nacionais, lanches e shows temáticos.
Além da proliferação de complexos hoteleiros, a
cidade está empenhada na realização de eventos, criando um calendário
que promove o destino durante todo o ano, e não apenas no período de
férias e feriados. O Centro Cultural e de Eventos da Costa do
Descobrimento possui um pavilhão de feiras com mais de 5 mil metros
quadrados e área interna de convenções para 2.700 pessoas com salão
nobre, três auditórios e 18 salas, todos moduláveis e de fácil
adaptação, tendo ao seu redor abundância de vegetação e um centro
tipicamente tropical.
Restingas, manguezais, mata atlântica, recifes de
corais e rios são atrativos quase inexplorados em Porto Seguro. Acredite,
há muito para conhecer longe das barracas de praia e da agitada Passarela
do Álcool e ao longo da Costa do Descobrimento.
Para aqueles que gostam de navegar, passeios
freqüentes levam ao Parque Municipal Marinho Recife de Fora. Trata-se de
uma área de preservação ambiental com diversidade biológica semelhante
à encontrada em Abrolhos. Destino paradisíaco para mergulhadores ou
simples praticantes de snorkel. Lá estão nada menos que 16 de 18
espécies de corais existentes no mundo, além de peixes variados, como
frade, e arraias, moréias e quelônios (tartarugas).
Na maré baixa, os recifes do parque formam deliciosas
piscinas naturais. O passeio é feito de escuna e parte do centro de Porto
Seguro, com duração de uma hora.
Outro programa imperdível é visitar Coroa Alta, que
pertence ao município de Santa Cruz Cabrália. É uma formação mista de
recifes de corais e areia, formando uma ilha próxima da costa. Assim como
Recife de Fora, é ideal para snorkelling e também se vêem muitos peixes
coloridos. Barcos e escunas partem regularmente do cais de Santa Cruz
Cabrália.
Durante o percurso, o barco margeia o manguezal até a
saída da barra, onde ocorre o encontro das águas do rio João de Tiba e
da Baía Cabrália, fenômeno mais conhecido como pororoca.
No caminho de volta de Coroa Alta, a escuna passa pelas
praias desertas do litoral norte e faz uma parada em Santo André, uma
antiga vila de pescadores e primeiro povoado na margem do João de Tiba. A
praia bucólica e deserta mantém até os dias de hoje o clima rústico.
Lá, a escuna faz uma pausa para os visitantes darem um mergulho e
aproveitarem o almoço em um dos restaurantes locais. Os estabelecimentos
possuem ancoradouros próprios, além de passarelas sobre o manguezal.
De Santo André ainda há uma parada na Ilha Paraíso,
a maior na foz do rio João de Tiba. A ilha particular ficou conhecida
como o paraíso dos doces. São mais de 50 tipos preparados pela moradora
tia Ivone e sua família. Dentre as iguarias mais vendidas estão as
cocadas de forno de diversos sabores, como jenipapo e abacaxi.
Os atrativos no rio João de Tiba não param por aí.
Turistas podem conhecer de perto o hábitat natural dos caranguejos e
aproveitar para tomar um banho de lama medicinal, em contato com a
natureza. E, nas bordas do rio, encontram-se fazendas de produção de
piaçava - as palmeiras usadas para fazer vassouras e coberturas de
cabanas de praia.
Na Fazenda Mãe Tereza, cujo proprietário é o
uruguaio José Pedro Topolanski, encontra-se um verdadeiro ecossistema
particular, onde são realizadas trilhas entre as plantações de
graviola, jaca, imbiraçu e sucupira, cuja madeira forte produz móveis.
Enquanto os visitantes caminham durante cerca de uma
hora e meia em plena mata atlântica, sob a orientação do guia Edenval
Monteiro, de 65 anos, que dá uma verdadeira aula de educação ambiental,
Topolanski prepara um churrasco na lenha, ao som de música clássica, que
vem acompanhado de um farto bufê de saladas.
Visitar o marco do Descobrimento de Coroa Vermelha,
próximo da entrada de Santa Cruz Cabrália, é obrigatório. Ali foi
celebrada a primeira missa do Brasil. O local corresponde à atual área
de reserva indígena da tribo pataxó.
Há, também, passeios diários para a Reserva
Indígena da Jaqueira, onde ocas estão espalhadas em meio à mata
atlântica, com o formato original. Entre os atrativos, os turistas têm a
oportunidade de praticar jogos de arco e flecha, comprar artesanatos e
fazer trilhas, além de experimentar a culinária típica, como o peixe na
folha da patioba, palmeira de cujo tronco se tira cordas para fazer redes.
Não há como ir a Porto Seguro e não visitar seu
valioso centro histórico. Comece pelo Marco do Descobrimento, que veio de
Portugal em 1503 na expedição de Gonçalo Coelho e simbolizava o poder
da coroa portuguesa para demarcar terras.
A Igreja da Misericórdia, onde funciona o Museu de
Arte Sacra, também chamada de Senhor dos Passos, é a mais antiga da
cidade, construída em 1526, e até hoje conserva o estilo primitivo. Em
seu interior estão guardadas imagens barrocas, como a do Senhor dos
Passos, um santo de roca com cabelo natural olhos de vidro, dentes de
marfim e gotículas de sangue de rubi. Lá também está um Cristo
crucificado em tamanho natural, esculpido em madeira de lei. Para visitar
o Museu de Arte Sacra, o turista tem de pagar uma taxa simbólica.
Já na Igreja Nossa Senhora da Pena, padroeira de Porto
Seguro, construída em 1534 pelo donatário Pero do Campo Tourinho,
podem-se ver imagens dos séculos 16 e 17, entre elas a de São Francisco
de Assis - primeira imagem sacra trazida para o Brasil - e de Nossa
Senhora da Pena. A torre da igreja foi decorada com cacos de louça,
vindos de Macau, na China. No piso há lápides tumulares dos
colonizadores e sua fachada original sofreu alterações.
Na mesma vila histórica se destaca a Igreja de São
Benedito, também conhecida como Nossa Senhora do Rosário e São Pedro.
Foi erguida pelos padres jesuítas em 1549, ao lado das ruínas do
colégio dos religiosos. A cor negra dos escravos fica evidenciada nas
imagens, entre elas a de Santa Efigênia e a de São Benedito, santo
festejado em dezembro, quando é encerrada a manifestação folclórica
Concubi dos Escravos.
Entre uma igreja e outra vale a pena dar uma parada na
barraca da dona Neusa e experimentar o acarajé mais famoso de Porto
Seguro. E, para encerrar a volta ao passado, a Casa de Câmara, uma das
mais exuberantes do Brasil Colônia, onde funciona o Museu Histórico.
Além de igrejas, o sítio histórico da Cidade Alta,
um dos primeiros núcleos habitacionais do Brasil, possui cerca de 40
imóveis - entre residências particulares e instituições que foram
recuperados pelo governo da Bahia em razão das comemorações dos 500
anos do Brasil. À noite, a vila permanece iluminada e oferece uma das
mais bonitas paisagens das praias de Porto Seguro.
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